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"Um dia, num mundo mais amigo das crianças, todas as escolas serão jardins de infância".

Eduardo Sá

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Infantário ou "Infectário"

Durante muitos anos, dizia-se que a idade ideal para uma criança ir para o infantário (termo que uso como sinónimo de jardim-infantil) seriam os três anos e que antes disso ela deveria ficar com a mãe ou com familiares próximos.

Contudo, os tempos e as circunstâncias mudam e não podemos pensar tudo como se algumas coisas se mantivessem iguais. Refiro-me ao facto de, se por um lado, é verdade que os infantários e jardins-infantis são locais onde há um risco aumentado de infecções, também é certo que são lugares de socialização, aprendizagem cognitiva e dinâmica de grupo (e companhia pelos pares), recursos que as casas de família actualmente não têm, pelo menos em meio urbano.

Por norma, não é preciso esperar muito tempo. Mal chegam o frio e as primeiras chuvas começam as deserções dos infantários, os pedidos de dias para assistência à família e os SOS lançados aos avós. Começaram as febres, os ranhos, as tosses, os resfriados e, aqui e ali, as diarreias. «São vírus» – dizem os médicos, para desespero dos pais, para quem esta resposta, mesmo que verdadeira, não atrasa nem adianta…
 
Dizem os livros que há uma probabilidade dez vezes maior de as crianças apanharem uma infecção, se frequentarem uma creche ou um infantário. Tratam-se, afinal, de vacinas naturais que os nossos filhos vão fazendo ao longo da estação fria, embora os de casa também não estejam totalmente protegidos, porque são os próprios pais e irmãos que se encarregam de partilhar a ‘bicharada’ com eles.

O Outono e o Inverno são as estações do ano com condições especiais para as crianças adoecerem:
• O tempo frio e chuvoso provoca instabilidade das defesas a nível local (nariz, boca, garganta), especialmente nas crianças que, por exemplo, têm o nariz obstruído ou usam chupeta e têm uma má oclusão dentária por este factor;
• O facto de as crianças (e também os adultos) estarem mais tempo dentro de quatro paredes, aumenta, exponencialmente, a probabilidade de transmissão de doenças infecciosas - a partir de uma só pessoa, os micróbios espalham-se e a contaminação prossegue;
• Muitos micróbios desenvolvem-se mais com o frio e a humidade do Inverno.
É por isso que é tão importante arejar bem os lugares. Protegendo as crianças do frio, mas deixando-as brincar à vontade ao ar livre, porque enquanto correm e desenvolvem actividade muscular não se constipam.

Outra coisa: é importante detectar as crianças que estão doentes e não as levar ao infantário no dia seguinte, com um supositório a disfarçar a doença. Finalmente, fazer uma vida ao ar livre, mesmo no Inverno, evitando sítios fechados e com muita gente, é uma boa medida de prevenção.

Nos primeiros tempos de vida, sobretudo a partir dos seis meses de idade, as crianças perdem a imunidade oferecida pela mãe durante a gestação e a amamentação, pelo que estão muito expostas ao ataque dos vários agentes: poluição, fumo do tabaco e diversos micróbios (bactérias, vírus, etc). Trata-se de um fenómeno natural já que os anticorpos, como as outras substâncias, vão sendo renovados e eliminados.

Os adenóides são estruturas que existem na parte detrás do nariz, onde começa a garganta. Pertencem ao grupo das chamadas estruturas linfóides, pelo facto de serem constituídos por tecido desta natureza - o tecido linfóide -, como as amígdalas ou os gânglios linfáticos. Trocando por miúdos: os adenóides têm funções eminentemente defensivas contra as agressões causadas pelos vários agentes que pretendem entrar no organismo – micróbios, agentes alergénicos, poeiras, fumo de tabaco ou poluição. No fim de contas, estão a ajudar a tarefa começada logo à partida pelo próprio nariz.

Já sem as defesas que passaram através da placenta mas ainda sem as suas próprias defesas desenvolvidas a cem por cento, o bebé é um ser vulnerável. Curiosamente, são essas mesmas infecções que vão permitir a aprendizagem imunológica da criança e estimular a sua resistência, fazendo com que, dia após dia, ela fique mais forte – são as tais vacinas naturais

Todos temos experiência disso: é nos primeiros anos de vida que os bebés estão mais vezes doentes. Depois, por volta dos quatro/cinco anos, começam a adoecer menos e, finalmente, por altura da escola primária, é bastante raro adoecerem.

É importante, por isso, ter consciência de que vai haver alturas em que a criança estará doente e precisará dos cuidados dos pais ou de alguém próximo. E que precisará de convalescer, o que significa que, se os enviarmos para a escola mal deixam de ter febre (ou ainda com febre mas sob a acção de um anti-pirético), eles vão adoecer continuadamente, causando grande instabilidade no dia-a-dia. Às vezes, mais vale fazer uma semana ou duas fora do que andar cá e lá, cá e lá, infectando-se e infectando outras crianças. Aos infantários compete também velar para que tal não aconteça.


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